sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dominar

Uma pessoa sem qualquer desejo de dominar, poderia facilmente, ao assumir uma personalidade falsa on line, ter um enorme estábulo de submissas virtuais desmaiando por mim e brigando por minha atenção. Simplesmente porque eu sei quais as palavras certas a serem usadas. Submissas que só recentemente descobriram ou decidiram assumir sua sexualidade estão, via de regra, tão necessitadas de controle sexual e emocional, controle de qualquer tipo, que elas vão facilmente cair se você assume um comportamento severo e forte na presença virtual delas, e dá aqueles tipos de ordens . Assim, em público, se você repete todos os clichês aceitos pela comunidade sadomasoquista como alta sabedoria (novamente é muito fácil aprender quais são. Você sabe “besteiras” como São, Seguro e Consensual e “Os melhores tops começaram como bottons” e passa a repeti-los como papagaios) você alcançará uma reputação como Sado respeitável e (cof cof) amável Dominador. Um exemplo da cena.
É incrivelmente fácil dominar alguém à distância. Na verdade é tão fácil que muitos homens que não são verdadeiramente dominantes, descobriram que se eles encenam essa farsa, eles podem ter tantas escravas virtuais casuais quantas queiram. O problema acontece é quando esses tais Dominadores começam, como frequentemente fazem, a acreditar em sua própria propaganda. E começam a considerar-se como sendo super Doms, ainda que eles nunca tenham tido qualquer experiência em controlar qualquer pessoa na vida real. Tal desculpe-me, super Dom, pensam que dominar alguém realmente na vida real é idêntico à encenação fantasiosa virtualmente sem qualquer esforço que ele leva à cabo online, ou ao telefone. Assim, considerando-se como sendo eminentemente qualificado, ele ordena alguma coisa a pobre apaixonada submissa. Quando ambos, ele e sua crédula parceira, são forçados a lidar com a realidade da Dominação e submissão, o desastre começa.
Na realidade dominar alguém requer muito, muito mais de você do que a habilidade de criar uma fantasia sexy numa tela de computador, ou de assumir um tom severo, distribuir comandos pelo telefone ou por e-mail, para uma submissa part time, sempre obediente e obsequiosa, que passa a maior parte de sua vida em grande parte independente, sem você. Muito poucas pessoas na realidade possuem o necessário para serem Dominadores bem sucedidos. E Dominadores reais são na realidade muito raros. Já que tem muito mais gente que deseja dominar alguém sadomasoquisticamente do que pessoas que tem a habilidade de fazê-lo bem. Dominar alguém full time e em pessoa requer muito trabalho difícil da parte do Dominador. Um Dominador bem sucedido faz esse trabalho difícil porque a recompensa pra ele compensa. Esse trabalho também requer informação, até mesmo sabedoria, sobre o que ambos (Dominador e submissa) tem que fazer para que esse tipo de relacionamento funcione.
Por exemplo, dominar uma submissa profundamente bem (em outras palavras, de maneira que assegure que ambos estarão felizes e satisfeitos) - mesmo uma submissa altamente motivada, sincera ,Mesmo a mais profunda submissa tem tremendas dificuldades em aprender a obedecer e se submeter, porque aprender a ser uma boa submissa não é uma questão de personalidade ou de força de vontade (ainda que essas coisas ajudem). Não é uma questão de ser “suficientemente submissa”. É totalmente uma questão de treinamento e experiência. A mais obsequiosa e obediente submissa não nasceu sabendo instintivamente como servir ou como colocar as necessidades de um Dominador em primeiro lugar. Na realidade, ela é ensinada desde a infância a ser independente e a ter iniciativa. Superar um condicionamento cultural de toda a sua vida leva muito tempo; e nada na representação de fantasia que as pessoas fazem online ou no telefone ou mesmo na real as prepara para as dificuldades da verdadeira obediência na vida real, em cárater diário. A única maneira pela qual uma submissa aprende a ser uma boa submissa é através de extensa prática, ao cometer erros e aprender com eles, expressando o que não está indo bem, com um Dominador que é conhecedor e paciente, e através da assistência extensa e informada de seu parceiro dominante.
Os primeiros meses de um relacionamento D/s requerem, em todos os casos que eu vi, muita paciência e auto controle do Dominador. Tal paciência e auto controle são sinais de maturidade, de um adulto que realmente é “crescido” e que é verdadeiramente capaz de assumir responsabilidades pela vida de outra pessoa. Quando a sua submissa esta gritando e furiosa com você porque você a esta ‘forçando’ chamando-o de sem consideração e abusivo, é terrivelmente difícil se você não tem uma experiência bem sucedida como Dominador ou se você é emocionalmente imaturo, não ser afetado por isso ou até mesmo ferido por isso e não chicotear-lhe de volta. Mas vingar-se de uma submissa resistente que feriu você, distanciando-se dela física ou emocionalmente ou através de punições com raiva, ou de violências emocionais de sua parte, simplesmente vai assegurar que seu relacionamento rapidamente vai se tornar convencional em termos de poder. Sua submissa vai aprender que você não pode se controlar, que você não tem noção de como lidar com suas tentativas passivas, agressivas, de resistir à você, ou que você é um covarde que foge da confrontação. Em outras palavras, ela aprende que ao invés de ser aquele Dominador lindo e maravilhoso que você aparentava ser, você é na realidade apenas uma criancinha raivosa, assustada ou ferida, que não é mais emocionalmente maduro que ela.
Como ficará evidente, qualquer pessoa que tenta viver um relacionamento de intercâmbio de poder D/s por vezes é um trabalho duro, um trabalho extenuantemente duro, e requer um individuo raro como Dominador: alguém cuja habilidade e cujas ações realmente correspondem às exigências que ele faz pra si mesmo, e alguém que considera o trabalho duro como compensador, por força das coisas que ele ou ela obtém do relacionamento.
Há alguns atributos mínimos que todo Dominador necessita ter de maneira a propiciar que um relacionamento real de intercâmbio de poder funcione. Essas são qualidades que toda submissa deveria procurar num dominante ao encontrá-lo. Muitos auto proclamados Dominadores dizem que eles tem essas qualidades extraordinárias; somente a pretensão não significa nada. O Dominador tem que estar apto à mostrar a você que ele realmente tem esses atributos. Aprender se o seu Dominador tem realmente esses requisitos básicos leva tempo: submissas que se apressam em entrar em relacionamentos de poder, absolutos ou mesmo parciais, sem dar-se o tempo que permita determinar a qualidade da pessoa a qual elas estão concordando em se submeter, frequentemente vão pagar caro por isso mais tarde.
Abaixo estão descrições de algumas das qualificações mínimas que um Dominador que espera ser bem sucedido num relacionamento de intercâmbio de poder tem que ter. Não há aqui a intenção da completude, mas tão somente de municiar você com algumas das qualidades mais importantes a serem procuradas num parceiro dominador em potencial.

AUTO CONTROLE
Se você não pode se controlar - suas emoções, sua tendência a explodir - você não pode ter pessoa dirigidas por você. Aprender a não responder narcisisticamente - ou seja, com raiva, com afronta pessoal, ferido ou na defensiva - quando ela se comporta de maneira resistente, é parte do auto controle. Ao invés de hiper reagir, um Dominador auto controlado vai racionalmente e com o tempo encontrar as estratégias que vão funcionar baseados no seu conhecimento íntimo sobre a sua submissa que virão a desencorajar o comportamento e as atitudes que ele desgosta. controlar outra pessoa. Conforme mencionado acima, todas as submissas, mesmo as melhores, resistem ao controle por vezes. Lidar com essa resistência de maneira que encoraje o bom comportamento na submissa e ajude a treiná-la a ser uma melhor submissa e uma pessoa mais feliz, significa entender desde o início as ações de sua submissa, ainda que você possa desgostar delas.

PERSISTÊNCIA E CAPACIDADE DE RECUPERAÇÃO EMOCIONAL
Pessoas que apenas imaginam que são Dominadoras e que subitamente se vêem na posição de ter de controlar um ser humano real face a face, frequentemente fazem uma pergunta muito reveladora: Ao ter de encarar as dificuldades iniciais de treinamento de uma submissa e superar a violência de sua confusão ou resistência, uma situação que requer tanto auto controle e maturidade de sua parte, eles frequentemente ficam se perguntando o que o Dominador afinal vai levar desse relacionamento além de trabalho duro e desgosto. Um Dominador verdadeiro nunca fica se perguntando isso seriamente. Ele sabe o que quer levar num relacionamento, e ele cria as condições apesar das dificuldades para que ele o obtenha. Um Dominador precisa realmente ser Dominador, precisa realmente ter uma vontade suficientemente forte de ter suas necessidades satisfeitas, de insistir que ele vai obter o que quiser do relacionamento. Ao lado disso, para alguém que é genuinamente Dominador, superar a resistência da submissa de maneira que venha a melhorar o relacionamento para ambos, é algo que apesar do desgosto que ele tem pela verdadeira resistência, ele saboreia, já que a longo prazo isso vai aumentar o seu controle.

RESPONSABILIDADE
Possuir alguém é um esforço muito sério. Quando você controla outra pessoa , você tem uma grande responsabilidade em relação à ela. Algumas pessoas frivolamente igualam a responsabilidade do Dominador àquela de possuir um animal de estimação, mas na realidade a tarefa é muito maior do que essa. Em termos de seriedade com a qual o Dominador precisa assumir sua responsabilidade, é mais sério inclusive do que ter um filho. Você controla essa pessoa absolutamente e assumindo que você ama a sua escreva você tem que se certificar de que as coisas que você faz - ou não faz - não são na realidade perigosas nem danosas por sua responsabilidade. Você tem que pensar primeiro, e muito cuidadosamente, antes de falar quando estiver com raiva. Você tem de considerar como cada ação que você empreende ou cada decisão que você toma afeta sua submissa assim como à você mesmo. Você tem que prever como a sua sub vai reagir a certas coisas antes que você se comprometa com elas. Você esta dirigindo o navio. Você é o único responsável. Se você realmente entende isso, você também sabe que quando as coisas dão errado ou não funcionam, não é erro da pessoa que esta indefesa diante de você e que tem que seguir suas ordens. É sua responsabilidade e somente sua.

MATURIDADE
Um Dominador tem que ser crescido, suficientemente crescido pra assumir a responsabilidade quando as coisas dão errado. Uma criança no corpo de um adulto, por outro lado, põe a culpa sobre cada coisa ruim ou cada contratempo que lhe acontece nos outros. Nada jamais é de sua responsabilidade. Sempre é a outra pessoa que estragou tudo. Uma pessoa madura também tem a paciência e disposição de esperar um longo tempo, se necessário, para que as coisas dêem certo. Certas coisas, em um intercâmbio de poder, requerem um longo tempo para serem alcançadas e um Dominador especialmente tem de ter a determinação e a força para esperar por essas coisas sem desistir ou desanimar. Uma pessoa madura esta apta a manter-se centrada. Ele não vê cada pequeno ataque ou dificuldade emocional de sua submissa como sinal de que o relacionamento não esta dando certo ou como algum sintoma do fato de que sua submissa não o ama. Um Dominador maduro também sabe como andar por sob a linha tênue entre não deixar as dificuldades emocionais da parceira submissa dominá-lo por um lado, e por outro lado, não se tornar emocionalmente distante da submissa. Uma pessoa madura tende a ter uma personalidade calma e plácida e que não se torna instável por força de cada pequeno incidente que a vida joga sobre ela. Um Dominador maduro é alguém cuja submissa pode ver como admirável, em quem ela pode se recostar, é alguém que pode ser visto como pilar de força e suporte, toda hora, não somente quando ele acha prazeroso ou fácil desempenhar esse papel. Um Dominador maduro tem um bom conhecimento da natureza humana por ter encontrado suas várias formas e sabe em geral o que dá certo e o que não dá quando se lida com uma submissa.C

CONFIABILIDADE
Essa talvez seja a qualidade mais importante que um Dominador tem que ter. Uma pessoa que é submissa de outra, tem que saber que seu Dominador é confiável e coerente - e especialmente que ele é capaz de manter sua palavra. Um Dominador não é confiável só porque ele diz que é, ele é confiável quando ele prova pra você com ações consistentes por um longo período de tempo que ele faz o que ele diz que vai fazer. E quando ele diz, ele faz. E que ele te conta a verdade e não te engana. Que você pode ir até ele com seus problemas, sejam esses problemas quais forem e contar, que você vai encontrar nele compaixão e amor e que ele não vai te rejeitar justamente porque esses problemas fazem-no se sentir inseguro, confuso ou perturbado.

EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO
Ajuda imensamente se um Dominador sabe o que esta fazendo. Sabe quais as atividades são seguras e quais colocam a submissa em perigo física ou psicologicamente. Entende como conhecer sua submissa - mergulha profundamente em sua personalidade de tal forma que ele possa melhor controlá-la, sabe como mantê-la servindo à ele feliz e entusiasticamente e sabe realmente como controlar alguém. A maior parte das pessoas que querem ser Dominadores não tem a menor idéia de como fazer nada disso. Eles podem ter um pouco de sucesso ao fazer cenas fantasiosas , e pensam que essa brincadeira infantilóide que qualquer um - mesmo uma submissa como eu - poderia aprender a fazer convincentemente com a prática de um par de dias, os faz experientes e universalmente dominantes. Ou eles podem aprender dos terríveis livros de aconselhamentos de etiqueta sadomasoquista no mercado que existem “métodos de treinamento” ou fórmulas que dão certo com todas as submissas. (Nada está mais distante da verdade). Ou eles podem ter ido à um par de play parties, visto as performances, levadas à cabo por indivíduos que são somente apenas um pouquinhos menos ignorantes que eles mesmos (ainda que essas pessoas geralmente vão fazer de tudo ao seu alcance para convencer você de que eles são experts em sadomasoquismo, alguns o são, nem todos porém) e concluíram que realmente controlar alguém está intimamente ligado a essas cenas artificiais e encenadas feitas em grande parte para impressionar o público sobre o quão competentes ou inteligentes eles são. Aprender a controlar alguém, como superar suas resistências (toda submissa que experimenta dominação real e permanente, resiste) como lidar com cada nova situação que aparece exige uma grande dose de conhecimento e experiência e constitui-se em uma arte também. É algo complexo já que cada situação individual requer uma resposta diferente, não pré-pronta ou estereotipada. A maior parte das pessoas na cena, a maior parte daqueles que se auto intitulam dominadores e que se promovem como sábios gurus sadomasoquistas, não sabem nada sobre nada disso. Eles estão se atrapalhando no escuro. Um Dominador ou aprende esse tipo de coisa através de muitos, muitos anos na escola da dureza, ou porque aprendeu de um outro Dominador que já possui esse conhecimento.

DESEJO
É uma tristeza que muitas pessoas que se auto intitulam Dominadores hoje em dia não tem absolutamente a mínima idéia do que fazer com uma submissa. Enquanto eles puderem bravatear e se jactar e fingir virtualmente ou à distância, ou por um curto período de tempo, eles vão bem. Mas uma vez que eles realmente passam a ter uma pessoa no real com a qual lidar , rapidamente eles perdem todas as idéias. A maior parte dessas pessoas não tem nenhuma das qualidades essenciais descritas acima, e elas realmente não querem nenhuma das dificuldades ou das pressões que controlar alguém sempre envolve. Eles querem ser Dominadores inteiramente para inflar seus egos ou porque eles acreditam que é uma maneira fácil de conseguir com que mulheres façam o que eles querem, ou porque soa muito mais prazeroso e fácil do que um relacionamento convencional. Eles não são loucos por controle. Eles não são verdadeiramente Dominadores. Se eles fossem eles iriam aceitar as pressões e dificuldades envolvidas com o controle, já que eles iriam saborear esse controle tanto que estariam dispostos a lidar com quaisquer problemas que ele venha a trazer. Alguns auto proclamados Dominadores contudo não querem na realidade controlar a vida de outro. Eles não querem possuir uma escrava (ainda que eles frequentemente acreditem que eles querem uma, até que eles a encontram) e quando confrontados com a realidade da posse, eles fogem, abandonando suas responsabilidades. A forma mais comum de fugir ou de abdicar da responsabilidade do Dominador é culpar a submissa por todos os problemas do relacionamento, fingindo que ela é totalmente responsável.
Voltando a questão da responsabilidade se o Dominador não entende isso, ele imputa a responsabilidades do que dá errado ou não funciona a quem está no polo oposto da relação, aquela /aquele a quem se colocou em suas mãos.

TEXTO TRADUZIDO DE UM SITE FRANCES ( não o encontrei mais para poder dar os créditos )

Um comentário:

  1. Boa tarde, SIR MAGNO!
    Sábias palavras! E como em toda sabedoria, raras palavras.
    Obrigada pelo privilegio de te-lo como seguidor.
    Seu Blog nos faz bem, nos leva a uma leitura culta e cativante.

    Abraço afetuoso,
    beatriz *

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